“Quando Vereda da Salvação, de Jorge Andrade, estreou em São Paulo, em 1964, ela foi abafada pelo Golpe Militar. Agora, quando Vereda... estréia em João Pessoa, em 2007, somos tomados como por um golpe no meio do estômago.
Trazer este texto à cena é um cometimento dos mais audazes, principalmente, depois de toda a história de suas montagens emblemáticas. Talvez um dos mais difíceis textos da nossa moderna dramaturgia, ele se envereda pelos caminhos de um grupo de agregados de uma fazenda, envolvidos pelo fanatismo ( com caras de Messianismo) de Joaquim. Mas não é só isso que o texto e esta nova montagem nos trazem: eles nos conduzem ao entendimento da desigualdade, do conflito social, da compaixão pelo sofrimento e pela dor de existir. Ele nos ensina, a ainda, que num mundo desigual, varado pelo valor da posse, ter braços para trabalhar não é o suficiente, pois não há terra para todo mundo. Inexplicavelmente.
Na Paraíba, essas Veredas fazem parte de nossa história recente. Fazem parte da dimensão daqueles que entendem o que é viver sempre empurrado pelo latifúndio e pelo grande proprietário. As veredas da salvação, seja lá para que caminhos apontem, seria aquelas em que todos pudessem ser iguais, com as devidas partes de cada latifúndio. As veredas da salvação são aquelas por onde trilhamos a descoberta do nosso próprio Ser-tão.”
Diógenes Maciel – novembro/2007
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